Paulo Preto, suspeito de ser operador do PSDB, tinha R$ 113 mi na Suíça
Ex-presidente do Dersa é investigado e tem ligação com o senador José Serra
Reynaldo Turollo Jr.
Rubens Valente
Documentos enviados ao Ministério Público Federal em São Paulo por autoridades da Suíça revelam que o ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, tinha R$ 113 milhões em contas naquele país.
Paulo Preto é investigado em inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) sob suspeita de ser operador do senador José Serra (PSDB-SP) em desvios de recursos do Rodoanel, obra viária que circunda a capital paulista. Ele comandou a Dersa, responsável pela obra, em governos tucanos, e também é investigado em São Paulo.
Segundo essa decisão, que era sigilosa, o Ministério Público da Suíça compartilhou espontaneamente com procuradores de São Paulo informações sobre a existência de quatro contas no banco suíço Bordier & Cie em nome da offshore panamenha Groupe Nantes S/A, "cujo beneficiário é o investigado Paulo Vieira de Souza".
Segundo essas informações, "em junho de 2016 as quatro contas bancárias atingiam o saldo conjunto de cerca de 35 milhões de francos suíços, equivalente a R$ 113 milhões, convertidos na cotação atual".
Em fevereiro do ano passado, tais valores, segundo as informações vindas da Suíça, foram transferidos para um banco em Nassau, nas Bahamas.
A juíza disse ver fortes indícios da prática de crimes, "bem como o enriquecimento injustificado do investigado", e decidiu na ocasião autorizar uma cooperação internacional com a Suíça, além da quebra do sigilo bancário de Paulo Preto, a fim de obter todas as informações sobre as movimentações bancárias.
O processo na Justiça Federal em São Paulo trata de supostos desvios no pagamento de indenizações para pessoas que tiveram imóveis desapropriados para a construção do Rodoanel.
A defesa de Paulo Preto anexou a decisão aos autos no STF porque quer que a investigação em São Paulo seja transferida para o Supremo, sob o argumento de que os fatos apurados têm ligação – referem-se a desvios nas obras do trecho sul do anel viário.
Com isso, os advogados também pedem que a cooperação internacional autorizada pela juíza de São Paulo seja suspensa.
O inquérito no Supremo foi aberto em 2017 a partir da delação da Odebrecht, que disse ter pago propina no Rodoanel supostamente em benefício de Serra.
O relator do caso no STF, ministro Gilmar Mendes, deverá decidir sobre os pedidos da defesa.
Procurado pela Folha no final da noite desta quarta-feira, o advogado de Paulo Preto, José Roberto Santoro, não foi localizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário