Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 4 de julho de 2017

O que ele vai fazer quando chegar uma fratura exposta?

Sala de emergência homeopática 

Helio Schwartsman 


Se dependesse de mim, sites como o YouTube iriam à falência. Meu negócio são letras e palavras. É raríssimo eu clicar num vídeo. Mas, de vez em quando, em geral por recomendação de leitores, acabo abrindo um. Foi assim que, alguns anos atrás, topei com uma das coisas mais hilariantes que já vi na minha vida.

Falo do "sketch" da dupla britânica David Mitchell e Robert Webb que faz troça de uma emergência médica homeopática. 

Não pude deixar de lembrar desse vídeo ao ler na Folha a notícia de que a cidade de São Paulo, na contramão do que está acontecendo no resto do país, poderá gastar mais recursos com a homeopatia. Isso ocorre porque a Câmara de vereadores aprovou há pouco uma legislação que cria o Serviço de Atendimento Homeopático na Rede Hospitalar de Saúde do município.

O texto da lei é muito sucinto e não esclarece nada, mas, pela reportagem, dá para intuir que os partidários dessa pseudociência terão agora os instrumentos legais para pressionar as autoridades para que a rede municipal disponibilize médicos homeopatas em seus serviços de emergência. A ideia é que adeptos dessa filosofia tenham um especialista em homeopatia a que possam recorrer em todas as circunstâncias.

Eu acredito no método científico, mas, como bom democrata que sou, não exijo que todos me acompanhem nisso. Quem quiser tratar-se com placebo deve ser livre para fazê-lo. Que o poder público mantenha um ou outro serviço de homeopatia nem me incomoda tanto. O que me parece absurdo é tentar fazer com que, numa situação de penúria na saúde pública, em que os hospitais mal conseguem fechar as escalas de plantão, nós criemos a figura do emergencista homeopata. O que ele vai fazer quando chegar uma fratura exposta? A resposta está no vídeo.

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