Almanaqueiras: ou não queiras.

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domingo, 2 de julho de 2017

a exibição de filmes violentos tende a reduzir o crime porque tira os jovens de temperamento mais explosivo dos bares e das ruas (onde a maior parte das brigas e homicídios são cometidos) e os coloca nas salas de cinema, onde é mais difícil se meter em confusão.

O soro da verdade

 Helio Schwartsman 




Quer reduzir as taxas de crimes violentos numa cidade? É simples. Encha os cinemas daquele lugar com filmes bem violentos. Essa é uma das muitas conclusões contraintuitivas que pululam no livro "Everybody Lies" (todo o mundo mente), do filósofo e economista Seth Stephens-Davidowitz, que até há pouco trabalhava como cientista de dados do Google.

"Everybody Lies" é uma obra muito gostosa de ler, daquelas que nos municiam com uma enormidade de fatos surpreendentes para contar a amigos em festas e jantares. Também traça um bom panorama de a quantas anda o "big data", uma ciência que veio para ficar e deve expandir de modo nada desprezível nosso conhecimento sobre o comportamento humano nos mais variados campos.

Uma das principais teses defendidas por Stephens-Davidowitz é que as pesquisas que as pessoas fazem em ferramentas de busca funcionam como uma espécie de soro da verdade. Com efeito, poucos indivíduos irão admitir para um estranho (às vezes nem para si mesmos) que têm interesse em práticas sexuais consideradas bizarras ou estão cogitando cometer suicídio. Mas todos os pruridos desaparecem diante da caixinha de buscas do Google, já que ali ele precisa escrever "incesto", "zoofilia" ou "como tirar a própria vida" para chegar aos sites que lhe interessam. O fato de termos acesso detalhado ao que as pessoas procuram na internet abre uma larga avenida de novas possibilidades, tanto para cientistas interessados em perscrutar os recônditos da alma humana como para empresas dispostas a empurrar seus produtos e serviços para consumidores incautos.

Em tempo, a exibição de filmes violentos tende a reduzir o crime porque tira os jovens de temperamento mais explosivo dos bares e das ruas (onde a maior parte das brigas e homicídios são cometidos) e os coloca nas salas de cinema, onde é mais difícil se meter em confusão. 

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