Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Deixem Gil em Paz. Para viver, para morrer, para continuar eterno, sendo a tradução da beleza do ser.

   
Luiz Claudio Lins


RESPEITO

Junto dele existe Nana, Sandra e Flora suas amigas, amantes e companheiras em diferentes períodos da vida. Existe Caetano, outra entidade, o amigo-namorado, que o ama, admira e o venera desde quando ele já cantava no rádio e Dona Canô o chamava para ouvir.


Por ele existe Preta, a memória de Pedro, Bela, Bem e todos os outros filhos, netos e bisnetos.

Com ele e pelo que ele diz, pensa, faz e cria já somos um pouco mais decentes enquanto povo, enquanto seres humanos, iluminados e banhados pela sua poética generosa.

Gil não é essa erva daninha que infesta as redes sociais em comentários rasos, sórdidos e pestilentos sobre a política miúda e a vida alheia, feita por gente tacanha, abissal e sem caráter.

Não é esse consumo frívolo, esse hipsterismo histérico, essa obsessão pela urgência, pelo vício do dispositivo eletrônico que é o cérebro de quem só tecla e não pensa mais nada.

Gil é nobreza que não oprime, que liberta e que vara o breu da ignorância com luz própria. É uma cornucópia pletora de prazeres, saberes, dores e amores.

Gilberto Gil é o panteão ético de uma nação que tem vergonha de ser preta, de ser bicha, que disputa vagas na garagem, de muros, grades e alarmes contra o que difere, o que incomoda, o que é miséria e o que ninguém quer.

Deixem Gil em Paz. Para viver, para morrer, para continuar eterno, sendo a tradução da beleza do ser.

Sejamos melhores por Gil porque ser ruim já virou norma, rotina  e é muito fácil se comportar assim.

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